Abriu fogo, abatendo-os, a um e um, os ministros do PSD com quem agora está coligado. Enxovalhou banqueiros, que o seu Governo agora protege, políticos com os quais agora convive, a "porca da política" que é agora o seu lugar de frequência.
Ridicularizou, apoucou, gozou que se fartou. Às suas mãos tudo foi escárnio e mal-dizer. Tudo quanto mexia abatia.
Fê-lo através de um jornal que franqueou à época todos os limites do admissível.
Entre as verdades que importava assim denunciar, publicando-as, e as mentiras publicadas que nunca foram como tal denunciadas, a tiragem subia e com ela os lucros dos seus financiadores.
Hoje, ante os jornalistas que o cercam de mão estendida por uma declaração "dá-se ares". E tudo resulta, porque em Portugal é assim que actualmente resulta.
Isto porque hoje, travestido na roupagem engravatada que os adultos vestem, ganhou a pose que no Estado se usa, está ministro.
Já não traz o lápis atrás da orelha.
Impune, o jornal já fechado porque instrumento que foi do seu trepar a esacadaria do poder, diz que está «arrependido».
Não tem de que se arrepender! É assim que lá se chega, é desta massa que eles se fazem.
O mundo de ontem ensinava bons modos e tento na língua. Evitava-se o ataque pessoal. O combate era de ideias, não de vilipêndio.
Essa compostura dos conservadores atirou-os, entretanto, para o lixo do ridículo, como de uma senilidade bacoca de tratasse.
A demagogia verbal, o soez do verbo tornaram-se a forma e modo.
Paulo Sacadura Portas começou com o "Independente". A meias com Miguel Esteves Cardoso. Hoje no encontro do «perdoa-me», diz tudo o que pode ler-se aqui.
O destempero verbal que, através dele, a novíssima direita ganhou é, já se viu, o modo de ganhar votos e popularidade.
Iludida pela aparência, há quem confunda desbragamento com esquerda.
É assim que nasce o fascismo, com o populismo e o assalto ao poder. Primeiro aos berros, enfim, silenciosamente, pela calada da noite se gerou o domínio da carneirada que qualquer troika pastoreia.
Basta começar em letra de forma. Um dia está-se a escrever no "Diário da República", com força de lei.