5.10.12

A desonra à Bandeira

 
É a lei, aprovada ao abrigo de uma Constituição que o Presidente da República jurou respeitar. É o Decreto-Lei n.º 150/87, de 30 de Março, assinado pelo então Primeiro-Ministro Aníbal Cavaco Silva:

«O Governo decreta, nos termos da alínea
a) do n.º 1 do artigo 201.º da Constituição, o seguinte:

Artigo 1.º A Bandeira Nacional, como símbolo da Pátria, representa a soberania da Nação e a independência, a unidade e a integridade de Portugal, devendo ser respeitada por todos os cidadãos, sob pena de sujeição à cominação prevista na lei penal.» (...).

Hoje, ao ter participado na paródia do hastear da bandeira, ao não ter sido o primeiro a ter, de imediato, rectificado a situação humilhante, o Chefe do Estado, desrespeitou um dos símbolos da Pátria.
Nada ter acontecido é a demonstração do fim do Estado de Direito. Aníbal Cavaco Silva não está em condições de continuar a exercer o mandato que a Nação lhe confiou.
Ante a ignomínia, o seu semblante de sorriso afivelado, mecânico, alheado, a incapacidade de reacção, mostra, naquele rictus inexpressivo, que há limites em que o cargo já está além do homem.

A tenda do circo

Este sistema dos partidos tem uma característica notável: um partido está no Governo e é de lá apeado; muda de líder e então passa primeiro, a fingir que não tem nada a ver com o que se passou nesse passado em que teve funções governativas segundo, a criticar tudo o que novo partido faz, pois que está no Governo. 
O partido que está no Governo, esse por seu turno, gaba-se de tudo quanto faz por estar lá, também com um novo líder, fingindo que nada tem a ver com o que foi feito no tempo em que esteve no Governo com o líder anterior.
É a lógica da mudança das moscas.Tudo isto é a insídia da representação e da mistificação. Tal como nos alibis dos bandidos de carregar pela boca, a culpa é do morto.
O único período caricato é quando um partido chega ao Governo com um novo líder e dele saiu o outro partido ainda sem líder que se veja. É a época do embaraço. Os políticos chamam-lhe «o estado de graça». Em rigor é porque a tenda do circo ainda não está montada.