3.3.06

A ficção e a ilusão

Anteontem escrevi aqui lembrando o Vergílio Ferreira, por ser o dia dos dez anos da sua morte. Hoje, casualmente descobri que o nome de um dos meus blogs, «o ser fictício», é, sem que eu o soubesse, um excerto de uma frase sua, publicado no livro «Pensar». A frase, no melhor estilo da sua escrita angustiada, é «o homem é um ser fictício em todo o seu ser. E é precisa a morte para ele enfim ser verdadeiro». Mas a antecedê-la vem este momento que é a melhor forma de mostrar quanta ficção e ilusionismo verbal existe na política: «os políticos que se dizem de esquerda, por ser o bom sítio de se ser político, estão sempre a afirmar que são de esquerda, não vá a gente esquecer-se ou julgar que mudaram de poiso. Mas dito isso, não é preciso ter de explicar de que sítio são os actos que a necessidade política os vai obrigando a praticar.»