20.2.07

O mão-leve

«O Estado rouba, rouba o Estado», está escrito numa parede em Lisboa. A ideia percebe-se, pois é óbvia: na psicologia política de muitos portugueses, o Estado é o outro, é o mundo do eles, com o qual eu nada tenho a vêr. Claro que, nesta relação do privado com o público, às vezes voto, muitas vezes abstenho-me, normalmente desinteresso-me. Roubar, nesta forma de pensar, é apenas uma variante social de uma moral muito própria: o Estado tira-me contra a minha vontade, eu rapino-o, sem que ele dê conta.