25.4.07

Onde estavas Zé no 25A?

No dia 25 de Abril eu estava na Quartel em Mafra, na especialidade de Armas Pesadas de Infantaria, mau grado a ironia de pesar quarenta e oito quilos. Graças à prestimosa PIDE/DGS fora-me atibuída aquela magnífica especialidade onde, como dizia o tenente comandante do nosso pelotão, se matava sem ver o quê e se morria sem dar conta.
Ora como o dito tenente não era afecto ao MFA sucedeu que nessa manhã ficámos no quartel, não acompanhando a força que arrancou até Lisboa com o propósito de fazer cair o regime que Marcelo Caetano já mal sustinha. Ao acordar, demos conta que o gélido convento estava vazio, só uns quantos tínhamos ficado, entregues à nossa sorte, fantasmas sem nexo, atónitos e desamparados.
Vítima encartada da Situação, do «odioso fascismo» como lhe chamam os comunistas, aquele dia foi a minha hipótese histórica de ser herói, não fosse o estar no lado errado da História. Assim fiquei por me estrear, primeiro sem pequeno almoço, depois à espera de uma nova oportunidade de mostrar que a Pátria, na sua salvação, poderá contar comigo.