17.6.07

Cair mal

Acabei de ler este começo de manhã o primeiro fascículo das memórias que o José Hermano Saraiva está a divulgar sobre os oitenta e seis anos da sua vida. Depois de uma vida a divulgar o passado dos outros, eis o momento de divulgar o seu.
Lê-se e há ali um pouco de tudo. Num momento é a lembrança de quando Henrique Galvão e outros foram condenados em «penas suportáveis» por conjura sediciosa, mais adiante como é que «o antigo herói do Estado Novo» seria depois condenado a uma pena de catorze ou dezasseis anos, no tribunal plenário na Boa Hora, por «rebelião militar». É aqui, no contar desta condenação, que vem um excerto revelador: «a sentença caiu mal mesmo nos círculos mais ligados à justiça penal», conta Saraiva.
É domingo de manhã, acordei mais cedo para acabar de ler esta narrativa, e eis-me a meditar no facto de uma insuportável sentença ter caído mal «mesmo» nos círculos mais ligados à justiça penal». Dá mesmo para pensar! Quando uma coisa dessas cai mal «mesmo», aí, é obra!