10.7.07

A bailarina

Comprei a biografia da Zita Seabra e tenciono lê-la, tendo vagar. Vim aqui só confessar um preconceito de irritação em relação à personagem, por reputar incompreensível que alguém, de um instante para o outro, se passe do PCP para o PSD.
Ao folhear a folha dos agradecimentos vem lá um ao José Carlos Espada que a teria iniciado no apreço ao Winston Chuchill.
Ora, não é por eu ter no meu gabinete de advogado, sabe-se lá porquê, não o busto do João das Regras, mas sim uma foto do Primeiro Lord do Almirantado, com aquela cara de velho bulldog com que a História o acolheu, mas a referência deu-me que pensar.
Como se sabe, a conservadora Grã-Bretanha aliou-se à comunista União Soviética, para combater a Alemanha nazi. Acontece que os comunistas russos, antes dessa aliança, tinham-se aliado a Hitler, através do infame pacto Molotov-Ribentropp. Por essa altura, em 1940, Álvaro Cunhal escrevia no jornal O Diabo, então um jornal pró-comunista, «mas haverá na verdade alguma diferença entre a Alemanha do sr. Hitler e a França do sr. Daladier ou mesmo a Inglaterra do sr. Chamberlain?».
Tudo visto, bate tudo certo. Percebi, pelo folhear distraído do livro de «memórias», que na juventude Zita Seabra quis ser bailarina. Parece que o terá conseguido.