4.12.07

Ademanes solipsistas

Hoje há um blog que aproveita para desancar na Maria Filomena Mónica e num livro que ela terá escrito sobre o Cesário Verde. Na sua linguagem acerada acusa-a de «caprichismo burguês» e «ademanes solipsistas». Sobre o Cesário em si diz que o pobre teve uma «curta vida, aliás, pouco entusiasmante», «inexcitante», e que ela se apaixonou pelos seus versos como uma «previsível adolescente».
Já Jorge de Sena, um compulsivo maledicente, em 1951 havia escrito, num estudo dedicado à poesia portuguesa, editado pela defunta Arcádia que, o poeta era expoente do «romantismo de capelista».
O facto de Fernando Pessoa ter escrito no Livro do Desassossego que «vivo numa época anterior àquela em que vivo; gozo de sentir-me coevo de Cesário Verde, e tenho em mim, não outros versos como os dele, mas a substância igual à dos versos que foram dele», não conta.
«Escarnecido em vida», Verde ficou amarrado ao facto de ter sido filho do dono de uma loja de ferragens.
Hoje lá está na rua número 7 do Cemitério dos Prazeres, com a naturalidade de quem de todo o natural fazia versos, que em vida nunca viu aliás publicados, um camponês perdido numa Lisboa de gente que fala de livros dizendo ufanamente «que não tenciono ler».