4.12.08

Uma piada de morte!

Passeio nocturno, em piso chuviscoso, fora do meu habitat residencial. Vistas, a uma e uma, as casas, sob o sossego esclarecedor da noite, nota-se aqui a invulgar arquitectura e seu recorte modernista, além a degradação à espera de melhores rendas, mais adiante a curiosidade doméstica de uma janela, o insólito de uma montra e a garridice de suas cores.
Ora foi precisamente por ver montras, hábito alfacinha que os lisboetas contemporâneos perderam, que dei por ela: uma agência funerária, com tudo o que uma agência funerária pressupõe e exige, incluindo os telefones vinte e quatro horas por dia, que há muito quem morra a horas mortas, mais as imagens de santos e santinhos, Cristos e Senhoras de Fátima e, claro, porque a religiosidade lisboeta é forte, do Doutor Sousa Martins. Que não me lembro ter visto o Sidónio Pais, mas estava em espírito, pela certa.
Mas o apropósito deste post foi a magnífica surpresa que me reservava o canto escondido da montra. Encostados ao vidro, numa ala avançada de objectos de culto na base do vende-se aqui, ei-los. Eram odores ou essências, ou o que sejam de perfumados, para atrair clientela. Chamavam-se «chama freguês«.
Por um instante a minha alma abanou num tremor de espanta fantasmas, t'arrenego vital face àquela aparição chamativa! «Chama freguês» em montra de agência funerária. Apre!