24.4.09

Escrita económica

«O Facebook e o Twitter são mundos enclausuradamente abertos. Existe um eu hiper-enfático, numa arrogância existencial, como se o mundo girasse à volta do ego e se interessasse por cada passo, cada impressão ou cada sentimento do indivíduo. E assim se transformam os mais insignificantes pormenores do quotidiano em algo digno de ser noticiado e comentado, muitas vezes numa voluntária abdicação da privacidade». Vi isto aqui. É rigorosamente o que penso. Mesmo em relação à blogoesfera, descontando os amigos que gentilmente nos acompanham, quantas vezes surge a dúvida sobre se este gritar para as estrelas não é, afinal, uma manifestação de hipertrofia do eu.
Houve tempos em que o próprio papel era caro. As pessoas aproveitavam-no e as cartas eram escritas quase sem margens, quantas vezes quase de um lado e do outro da folha. Reversos de fotocópias eram lugar ideal para escrita económica.
Hoje, com os meios poderosos da tecnologia, posso lançar para o Espaço a minha biblioteca de inutilidades, o manancial da minha insignificância. Mais: pensar que assim se salva o mundo e se granjeiam amigos. Arrogância existencial, eis!