20.3.10

O quisto repelente

Actualmente tem coluna cativa num jornal. de quando em vez aparece na TV. Sempre como Catão, lutador pela moralidade, perseguidor da incoerência, polícia dos bons costumes em matéria política. Vocifera, enxovalha, ridiculariza.
Pouquíssimos sabem que purga um quisto repelente, uma sífilis de juventude, purulenta, pestífera. Queria então ser assistente universitário. A vigilante PIDE não deixou. O rapaz não se conformou. Era uma carreira que lhe vedavam. Meteu requerimento. Na António Maria Cardoso, onde foi pelo seu pé, ajoelhou, servil. Jurou fidelidade à Constituição de 1933, abjurou, justificou com inconsciências o que eram ousadias radicais. Denunciou colegas. A polícia tinha organizado uns autos que, para macaquearem os dos tribunais, ostentavam na capa o título «autos de revisão». O jovem candidato indicou testemunhas. Só uma se dignou, respondendo por escrito, por ser juiz conselheiro. Fez um cínico depoimento de ouvir dizer: que lhe diziam que o rapaz hoje era outro, que só queria livros e boas maneiras, conformismo, obediência. O outro, director dos serviços de Censura à imprensa, nem lá pôs os pés. No final os «pides» opinaram que sim, que o colaborador rapaz já oferecia garantias de cooperar «na realização dos fins superiores do Estado».
Seguiu-se uma biografia. Uma típica biografia. Hoje tem o fígado carcomido, no que a maldade ajuda. É desta massa que eles se fazem. Produto da polícia é ele próprio um «chui».
Se adivinharem quem é não tem importância. Ele há tantos....