25.1.11

Fomos nós!

Que idade têm aqueles de quem a minha geração fez cobaias das experiências pedagógicas dos propedêuticos e dos cívicos, das passagens administrativas e do entrar-se nas faculdades sem positivas e com facilitismos, os dos 12º anos dados de borla e todo o cortejo de "borlas" e de "copianços"? Aqueles que são veterinários porque o lobby médico impôs o numerus clausus e com ele os cubanos e eslavos que fazem hoje a medicina que é negada aos nossos nacionais? Os que trabalham nos "call centres" e nas caixas de supermercados com mestrados inúteis, a "geração canguru" que vive na dependência e no cravanço, infantilizada mas por lei maior e capaz de votar e validar políticos e políticas? Os que cursaram universidades a estudarem por fotocópias e apontamentos sem nunca terem lido um livro?
Por onde anda a «geração rasca», insolente e mal comportada, que abaixava as calças e mostrava o rabo nas manifestações públicas, como se a coragem hoje fosse não dar a cara mas as nádegas? Por onde os frutos do consumismo, que atulhámos com tudo o que nos extorquiram, chantageando os nossos complexos de culpa? Onde os do «que se lixe a politik que eu quero o joystick?». Onde? Onde?
São esses que estão no mando, no poder, na decisão. Os poucos que escaparam à maré-negra que nós gerámos, vivem subjugados como pássaros a tiritar a morte por sufocação ante o crude da insolência, do oportunismo e  do aproveitamento.
Arrogantes que fomos com os nossos pais, é isto que deixamos como fruto. Escapar a isto é ser herói ou louco. O País afunda-se e nós fingimos que não fomos nós.