1.1.12

O Império da Inocência

Lê-se por todo o lado, no que se diz e escreve e no semblante abatido das pessoas, é a alma corroída, o sentimento de desânimo, a falta de esperança, a resignação. Até da revolta há receio, o medo do que amanhã possa trazer. 
Portugal perdeu a memória do passado e por isso receia o seu futuro. Um País assim teme pela existência.
Entristecemos. A saudade, esse característica do nosso modo de ser, tornou-se nevoeiro. Das praias de onde saiu a nau da Índia, olha-se hoje para as areias desérticas de Alcácer-Quibir. Masjá não se espera pela alvura de Dom Sebastião, mas pela vingança daqueles que ele, em funesta loucura, quis afrontar.
Suicidámos a glória vã depois da vil cobiça. Dilatámos uma Fé quando já tínhamos perdido a Esperança.
Só que oito séculos de Nação, quando não havia sequer Europa e da América nem o sonho, resistirão! Nem que, ao clamar da Pátria, se erga o Povo contra o Estado, pelo Império da Inocência!