3.9.06

Uma curva apertada

O «Diário de Notícias» bem se esforça por ser um jornal de referência, mas depois há coisas como o suplemento de domingo, onde há uma secção sobre saúde na qual existe um «consultório», onde um «professor de saúde pública», responde a uma menina de Vila Real de Santo António que lhe coloca a grave questão «como é que posso saber se o meu namorado se masturba». Pior, é que no «Diário de Notícias», que bem se esforça por ser um jornal de referência o dito professor, no referido consultório, da mencionada secção, responde à elagada menina, dizendo «acho que a melhor maneira é perguntar-lhe directamente, até porque instalar um sistema de vídeo ou contratar um detective é capaz de ser pouco prático, pouco ético e sair um bocado caro». Claro que um tipo lê isto e sente como jurista vontade de avisar a menina que instalar o vídeo é mais do que «pouco ético», é crime, sente ganas, como leitor, de mandar uns berros por escrito, ante esta mediocridade de perguntas e de respostas, e sente, como ser amoroso, vontade de escrever à menina a dizer que, talvez seja melhor ela perguntar-se porque é que o onanista namorado, tendo-a para namorar, se fará tais coisas. Mas se calhar é pouco prático, pouco ético e sair um bocado caro, não vá a menina ofender-se e processar-me. Por isso, cala-te boca. Ah! Só mais uma: a douta resposta termina assim, de modo científico: «se ele ficar roxo ou se a mandar dar uma curva, não se admire...». Já percebi: é capaz de ser uma questão de falta de curvas...