22.4.08

Bilhete de ida

A ideia que eu tinha sobre a pobreza irredutível era sobretudo a dos países asiáticos e africanos, cujos melhores filhos tinham uma hipótese de estudarem na Europa e nos Estados Unidos da América de onde já não voltavam, para ajudar as suas pátrias a sairem do ghetto da miséria. Depois fizeram-me chegar este momento de um depoimento do meu amigo Luiz Moniz Pereira, com quem trabalhei no final dos anos sessenta num Centro de Estudos de Cibernética, albergado no Instituto Superior Técnico e a quem devo leituras sobre a teoria geral dos sistemas do Ludwig von Bertalanffy, a teoria dos jogos do von Neumann, a teoria da comunicação do Colin Cherry e sei lá quantas outras coisas que sairam a partir da intuição genial do Nobert Wiener.
Disse o Luiz, que entretanto se doutorou em inteligência artificial, enquanto se vai degradando com a passagem dos anos a minha inteligência natural: «O país tem promovido a formação de investigadores a um ritmo importante, de quase 1.000 novas bolsas de doutoramento por ano, muitas delas no estrangeiro. Por outro lado, quase metade dos investigadores portugueses (45 por cento) que trabalham no estrangeiro afirmam que não tencionam voltar a Portugal a médio prazo devido à "falta de oportunidades de emprego" e de "progressão na carreira", revela um estudo recente do Instituto de Ciências Sociais (ICS) pela socióloga Ana Delicado».
A ideia que eu tinha sobre a pobreza irredutível partia do facto de eu ter esquecido Portugal.