17.6.11

Oxalá

Ser-se Governo num momento em que se falham parece que afunda tudo deve ser um sentimento de ansiedade para os próprios e de angústia para o País.
De um Governo pode não se gostar deste ou daquele ministro, pode não se gostar de ninguém, pode até não se gostar da ideia de haver um Governo.
Acontece, porém, que neste momento gravíssimo da vida nacional, tudo parece de repente ter assumido um valor relativo. Há um ambiente geral de contenção. Ajudou o Governo não abranger na sua generalidade estrelas do tablado mediático. Até porque, num momento destes, as ditas estrelas, prudentes, saem de cena, pois não querem queimar-se.
O Governo que se anuncia é um Governo claramente para ser queimado vivo. Vão ter de conviver com a execução de medidas que vão gerar a revolta popular. Os verdadeiros desprotegidos vão ficar pior. Os falsos carecidos vão perder o apoio à inércia e a decidirem-se, enfim, a sair da vadiagem subsidiada não encontrarão trabalho. A classe média vai ser esmagada.
Pior: o Governo que se anuncia é um Governo para ser teleguiado pela "troika" e pelo que resta de uma Europa que nos cercou de regulamentos e por causa da qual rebentámos com a agricultura, que nos garantia auto-suficiência, porque a indústria, essa, estoirou por si.
Confesso um sentimento íntimo de inquietação. Na política não, porém, estados de alma. É caso para dizer, vindo do fundo do coração: oxalá!