Haver futuros magistrados apanhados a copiar num exame na escola onde estão a ser formados é parte do agarotamento em que caíu a sociedade portuguesa, fruto da infantilização da juventude, a quem política concede direito de voto a as leis o acesso a cargos de autoridade. A escola que os forma não relevar esse desvalor grave de conduta como causa de inidoneidade absoluta para a função para que os prepara, aí está a gravidade maior. Dar dez de nota em vez de zero isso é apenas o sintoma e o sinal. A vilania moral compensa.
Talvez o que tudo isto indicie é a necessidade da vassourada de uma sindicância ao modo como funcionam as instituições. Assim haja força para o fazer com isenção e coragem para cortar a direito. Aos olhos do revoltado povo não são apenas os que copiaram que estão em causa, sim todo o corpo a que pertencem. Para a opinião pública infelizmente "andamos todos ao mesmo".
O problema é quando os problemas dão azo a discursos inconsequentes, por mais exaltados que sejam, a concitar simpatia de quem ouve. E isso tem abundado.
Saturados da miséria moral, saturados também dos demagogos que são pescadores de águas turvas no meio do pântano. Mais dia menos dia vemo-los pelas alcatifas do poder e percebemos quanto a crítica era, afinal, apenas uma forma de trepar pela escadaria domando.
Um candidato a magistrado que copia viola de modo manhoso a igualdade dos candidatos nesse exame para safar a sua pele. Parece um tudo nada. Um dia quando tiver pela frente um cidadão cujo destino lhe pertença decidir, sem que o perceba julgará julgando-se. A fatiota judiciária será apenas o traje de um baile de máscaras.