Vamos partir de um postulado: o de que, pelas razões de emergência nacional que vivemos, os nossos políticos, desde os que formam Governo aos que estão a preparar a oposição ao mesmo, interiorizaram alguns valores e princípios. E que a vida em Portugal ainda tem esperança de mudança.
Primeiro, que os cargos públicos não são benefícios pessoais nem formas de se alcançarem vantagens pessoais e que quem vai para a política não vai desta para melhor.
Segundo, que a litigação partidária deve passar para um segundo plano ante a discussão política, a discussão política não deve sobrepor-se aos interesses nacionais, porque o poder não é um jogo de azar.
Terceiro, que a lógica de coesão e de solidariedade deve prevalecer sobre a afirmação de identidades ideológicas, a existirem, e de particularidades pessoais, que essas existem.
Vamos partir de um postulado: o de que aqueles a quem se confiou pelo voto o poder e aqueles a quem o voto confiou o dever de se comportarem como oposição percebem, ante a expressiva abstenção, em que medida há um País que se deixa governar sem querer saber do Governo, tantos por desprezarem governantes.
É uma técnica mental, como o botão de "reset" nos computadores. Vamos admitir que qualquer coisa mudou nos que estão no "pau de sebo" do mando e nos que se agarram a eles para os arrearem dali.
Porquê? Nem eu sei. Talvez por medo, o de que estamos no limiar do desastre, talvez por esperança, a de nos desejar, a nós os governados, "boa sorte". Bem precisamos dela.