Às vezes as ideias surgem onde menos se espera encontrá-las. Acabei a leitura do livro de Pierre Loti intitulado Os Últimos Dias de Pequim. Nele o seu autor narra o que lhe foi dado observar enquanto este incorporado na força militar internacional que teve de intervir na China para pacificar a sangrenta e devastadora guerra dos boxers. Nessa força integraram-se, lado a lado, tropas francesas e alemãs, além de outras oriundas de diversas Nações, como russas, japonesas, inglesas, etc.
Tudo sucedeu em 1900. Acontece, porém, que trinta anos antes, a "Alemanha" do Chanceler Bismarck e a França se tinham batido na guerra franco-prussiana de que resultaram cento e trinta e oito mil mortos do lado francês, quarenta e cinco mil do lado alemão.
Imagina-se o sentimento de um oficial francês ao conviver agora com aqueles que faziam parte do lado há bem pouco tempo não lhe poupariam a vida. No livro descreve-o como se a um nó na garganta.
Mas não se fica por aí. Em 1914, apenas catorze anos depois, a Alemanha e a França exterminavam-se de novo na que ficou conhecida como a Primeira Grande Guerra, que causou no total dezanove milhões de mortos a todos os contendores.
Veio a paz com o Tratado de Versailles e, vinte e cinco anos depois, em 1939, de novo a Alemanha em Guerra e a França seria atacada pela Alemanha de Adolph Hitler. Foi a Segunda Guerra Mundial que causou setenta e três milhões de mortos.
Para os que pensam que a paz é eterna e a concórdia com a Alemanha é definitiva basta pensarem. Sobretudo a partir dos mortos.