Inteligentemente amiga, a minha querida AntropoLógica escreveu um belo texto e esperançoso, sobre a Democracia. Ora eu nunca tinha pensado pela minha cabeça no que seria a democracia, tal como o outro que, por amar, nunca pensou no que seria o amor. Pensei então e depois de muito pensar, conclui esta noite e vim aqui dizê-lo de manhã que a democracia são muitos a darem a poucos o poder de nos fazer obedecer. Só que os possíveis amos, organizados que estão, tornaram a coisa mais subtil. Criando-nos a ilusão de que escolhemos outros, fazem-nos escolher, afinal, sempre mais dos mesmos. Nasceu assim a nova classe dos senhores, os nossos senhores. Uma classe organizada, beneficiada pelo mando e por nós legitimada. É o bloco central dos que querem estar e adoram estar. Vão-se sucedendo e têm as regras próprias de sucessão. De quando em vez surge um, menos alegre, a dizer que a cidadania não se esgota nos directórios dos partidos. A gente percebe logo: foi deserdado!