Fazem hoje setenta anos que morreu o Fernando Pessoa. O corpo que alimentava aquela alma recusou-se a continuar, talvez exangue pela impossibilidade da tarefa. A heteronímia não é só uma questão de personalidade, é também, em casos destes, um problema de sobrevivência.Morto o homem, ainda hoje se vasculha na arca funerária dos despojos, em busca do muito que poderia ter sido, esse mundo por haver.