Há um problema jurídico das escutas telefónicas, ou muitos mesmo. Mas há um problema político nas escutas telefónicas: dar-se a um conjunto de senhores, porque magistrados, e aos seus polícias, o poder de ouvirem, meses a fio, com pretexto numa suspeita, o que se diz no cerne do poder político e no sistema financeiro nacional. Como informação é poder, quem mais sabe, mais vale. Depois é só um problema de ética. Basta ver o que se conta pelos corredores e o que vai despejado para as primeiras páginas dos jornais, para se tirarem as conclusões de como é que esse poder anda a precisar que alguém lhe deite a mão, para não cair na rua.
P. S. E escusam de vir dizer, para desviarem a conversa, que isto sou eu a defender o caso A, B ou C. Mesmo que fosse, não faria mais do que os outros, a quem tudo isso é impunemente permitido. Mas não é. Quanto aos casos profissionais em que intervenho, como dizia o outro, ainda sei escrever em papel selado. O que isto tem a ver é com a revolta de um cidadão ante o modo com isto se afunda.