3.2.06

Dois em cinco

Reza o DN de hoje que «a produtividade da indústria portuguesa é de longe a mais baixa da União Europeia a 15, estando reduzida a cerca de metade da registada no país europeu mais próximo, a Grécia, e a quase um terço da Espanha».
Uma pessoa lê isto logo pela manhã e começa o dia desanimado, façanhudo, sem vontade sequer de ir trabalhar.
Mas o jornal da Avenida da Liberdade não se fica por aqui e dá aos portugueses um pouco de ânimo, acrescentando, em nome do rigor e de uma visão rósea do mundo: «no entanto, ainda há motivos para esperança, uma vez que as causas para o atraso português estão concentradas em apenas dois dos cinco factores utilizados para calcular a produtividade industrial dos países».
Ora ao ler este parágrafo, eu pessimista congénito, atirei-me, ávido, ao resto da prosa, sobretudo na ânsia de saber o que nos falta, mormente quais os dois que nós não temos e aos outros sobram.
Esforço compensado, vem lá explicado! É que, continua o DN «ao nível do capital humano e da capacidade de gestão, Portugal está em grande desvantagem».
Ora aí está, qual desapontada mulher na cama para o marido embaraçado: filho tens tudo o que precisas, faltam-te só são aqueles dois. E sem esses, compreende-se, amor, que estejas em baixa.