Ora aí está tudo dito. O PS propõe que se marque falta aos deputados que faltarem [só] no momento das votações. Quer isto dizer, em linguagem simples e descodificada, duas coisas. Primeiro, que um deputado pode não pôr os pés no Parlamento o dia todo, tem é que estar quando se votar. Segundo, que daqui decorre que um deputado interessa pouco para quando o Parlamento discute e reflecte, interessa só para o levanta-senta que alguém popularizou de modo brejeiro como o «bate-cú» parlamentar. Se o sistema entrar em vigor, as direcções parlamentares é só organizarem as suas hostes. Combinam as horas em que se vota e organizam turnos de deputação. Afixa-se nos Passos Perdidos ou, para evitar aos pais da pátria terem de perder tempo a ir lá, põe-se no site da Assembleia: «Amanhã vota-se às duas». Não vale pena dizer no anúncio votar o quê. Quando chegarem a São Bento, vindo dos seus escritórios, Suas Excelências saberão ao que vão. Depois de contados, a um e um, votam, e zute que há mais que fazer! Então, o Presidente da Assembleia, poderá enfim dizer, no sombrio estilo regimental: «os senhores deputados que votam a favor, fazem o favor de sair...».