«Há uma nova tendência, a literatura light está a passar de moda e a ser substituída por uma onda mais intelectual. Isso reflecte-se no espaço que esses livros ocupam nos expositores», diz a responsável na FNAC pelos livros. E eu, ingénuo de todo, a pensar que a literatura «light» era, tal como a comida do mesmo nome, uma forma de dieta literária adelgaçante das ideias. Afinal, é uma moda. Alegrem-se, pois ó gentes leitoras, voltam as gordinhas e as carnudas. O Luiz Pacheco inventou em 1972 a categoria da literatura comestível. Em breve, muito em breve, voltarão os clássicos com sustança. E então ler-se-à, lambendo dos beiços de luxúria, como em «A Cidade e as Serras» do Eça de Queirós: «Jacinto, desconfiado, provou o caldo, que era de galinha e rescendia. Há anos que o fidalgo não sentia aquela fome. E foi quando, abalando o sobrado, surgiu a rija moça de peitos trementes que pousou sobre a mesa uma travessa a transbordar de arroz com favas».