29.4.06

Edita-se e rente...

No jornal «Expresso» houve quem desse nota negativa ao director de uma estação de TV por não ter «editado» uma entrevista que terá passado com grande êxito e não ter assim impedido que o entrevistado tivesse referido o nome de certas pessoas. Leio este facto fantástico deste admirável mundo novo. Fossem outras as pessoas visadas, outro fosse o entrevistado, tivesse o dito director ou outro director, ou um qualquer jornalista, repórter ou estagiário, daqueles que ficam ao sol e à chuva por uma migalha de informação, «editado» uma frase ou uma fala, ou uma palavra sequer, a um qualquer outro entrevistado que tivesse referido quaisquer outras pessoas, era o fim da picada! De censura a coisas piores, dentro do espírito da mais fraterna camaradagem, enchiam-no de pontapés, na primeira página se preciso fosse. Ora aí está como as coisas são. O velhinho «Botas», Salazar de seu nome, é que não se teria lembrado de melhor. Em vez da odienta «comissão de censura», chamava-lhe «comissão de edição». Mantinha os coronéis e o lápis azul, pois não se muda o que é igual. Quem ler isto, escusa de vir com graças sobre eu estar a falar deste ou daquele caso. Fique claro! Estou a falar sim deste e daquele princípio, o da liberdade de expressão. É que uma coisa é certa, e é a lei que o diz: se os entrevistados falam demais, cabe aos tribunais puni-los, não cabe aos directores «editá-los». Foi para isso precisamente que se fez o 25 de Abril.