Pois lá segui sexta ao anoitecer para o Algarve no tal comboio com bilhete comprado «não on line», nem no multibanco. Deixei-o, em Loulé e nele um livro que estava a consultar para finalizar uma narrativa que terá de estar entregue na tipografia na próxima segunda-feira, ou seja, ó nervos!, amanhã.
Logo que, umas horas depois, dei pela sua falta, tentei tudo para o encontrar . Como a composição terminava a sua marcha em Faro, vá de ligar para a estação. Na lista telefónica não vinha. Mas a CP tem um «call centre». Dali deram um número. Ligado o dito, veio de lá uma voz a perguntar quem é que tinha dado tal número e a informação que o comboio já tinha sido «limpo». Ante este dado, e sugerindo-se que, feita a limpeza, o livro teria sido seguramente encontrado por alguém, o ensonado funcionário ferroviário não se deu por vencido. Que sim, mas que o livro «acabaria por» seguir para Lisboa. Pois, mas como fazia muita falta e talvez ainda estivesse por ali, sugeriu-se, que tal tentarem encontrá-lo? Entrou-se então no entaramelado de uma conversa de chanfrados, que terminou no «ligue amanhã a partir das nove». Pelas nove ligou-se, para se saber, que ninguém reclamava quanto ao número ser errado, mas para receber a informação, aliás preciosa, de que as mulheres da limpeza daquele comboio só entravam às quatro. Liguei às quatro. Disseram-me então que o serviço estava fechado.
Voltei no dia seguinte a Lisboa, onde estou este domingo, entre a gripe e o desejo de a ter, revendo provas, o livro por acabar.
Já decidi que hoje não vou à CP, com medo que me digam que os serviços competentes só abrem na segunda-feira; mas ao mesmo tempo, estou receoso que, se for só segunda, me respondam que o livro voltou para Loulé e o melhor é mesmo voltar a ligar para o «call centre».
Algum leitor benévolo pode dar uma ajudinha, nem que seja a informar onde é que se arranja um bom pau, daqueles com que os vedores até água encontram no meio das pedras?
É que entre perdidos e achados, eu, se não acho o livro, ainda me perco!