20.1.07

A máscara

O argumento é, como agora se diz, recorrente: «falar na qualidade». Uma pessoa sai-se em público com uma afirmação polémica, discutível, errónea. Há duas formas de se ver livre do embaraço. A primeira é o «não foi isso que eu disse». Tal expediente está muito gasto, sobretudo quando está muita gente a ouvir e alguns a gravar. Então há o: «falei sim, mas foi nesta ou naquela qualidade». Normalmente é «falou, sim, mas na qualidade de cidadão!».
No caso da Dra. Maria José Morgado, que se meteu por estes atalhos, hás três coisas fantásticas. Primeiro, ela foi convidada para falar com uma etiqueta ao peito, a de «Procuradora-Geral Adjunta», que era o que vinha no convite. Segundo, ela não disse, estou aqui, neste encontro partidário, como cidadã, de toga despida. Terceira, teve que ser a Procuradoria-Geral a, desautorizando-a, dizer que a boca que falou não era boca de magistrado. Pois pudera!
Tudo isto é caricatural. Já nem é o terem as pessoas duas caras, conforme as conveniências, é já nem terem cara com que se apresentem e serem outros a enfiarem-lhes a máscara, conforme as necessidades!
Desculpem meter-me nisto, mas francamente, há um limite para tudo, para a exibição e para o rebaixamento.