Há seguramente escondido nos corredores labirínticos da Polícia Judiciária ou talvez nos cubículos em tabique do DIAP um poeta anónimo, de imaginação criadora rica e sentido de humor inigualável. Literato por certo incompreendido, esgota-se no acto de criar nome para as operações que normalmente passam por rusgas e outros actos de mediático paraquedismo criminalístico.
Esta manhã dei conta de que três camiões de tralha apreendida a um maestro o foram no quadro da «operação partitura», assim como o país não se esquecerá mais do «apito dourado», nem do «furacão».
Ora eu, que para que as coisas da justiça me não chateiem mais do que devem, e já chateiam que baste, me dedico, nas horas vagas, a ler e atrevo-me nas que sobram a escrever.
Por isso, em nome da literatura forense, de que nem sou académico de mérito nem de número, sugiro a este até agora anónimo colega das letras que saia do «ghetto» do segredo de justiça e se junte a nós, para umas boas gargalhadas, porque de risota estamos nós precisados e muito.
E, já agora, quando se chegar à conclusão, que deve estar para breve, que as pensões baratas de curta estada, certas duvidosas casas de massajar e outras em que se bebe menos do que se alterna são instrumentos de evasão fiscal, branqueamento de capitais e quiçá associações criminosas tributárias mesmo, que minam os fundamentos do Estado de Direito Democrático mais do que o tráfico de droga, e lhes cair, a televisão atrás, um esquadrão de polícias e magistrados com mandados de busca, de revista, de apreensão e de captura, talvez não fosse mal, para antecipar o cenário de pânico desenfreado e de envergonhadas corridas pelas ruas, em pelota elas e sem fundilhos eles, baptizar o acto com o nome de «operação rabo ao léu»!