1.7.07

A política da ETAR

Há na política uma vertente de impostura farçolas através da qual se tenta seduzir o eleitorado. Pensei nisso este domingo da manhã, ao ler uma frase do «Álbum de Memórias» do José Hermano Saraiva onde ele dizia que «a verdade política é uma verdade fiduciária. É como uma nota de banco: diz que vale ouro, mas é inconvertível». E pensei por me ter vindo à mente uma imagem que outro dia passou pela imprensa da senhora arquitecta Helena Roseta a despejar caixotes do lixo.
Digam-me que não é um insulto à inteligência esta de colocar uma repimpada burguesa a fingir-se sofrida trabalhadora com um fotógrafo atrás para registar a mascarada.
Digam-me que não é uma ofensa à miséria dos que como trabalho têm aquele o aparecer por um instante de uma noite, o tempo de um «flash», uma excelentíssima senhora Dona, que no momento seguinte retoma o seu estatuto, o seu guarda-roupa, a sua pose, o seu bom cheiro.
Digam-me que isto não é da democracia o lixo! Digam-me que esta «fábrica de maiorias» [de novo o controverso Saraiva], com a sua central de branqueamento da mentira e propaganda não está a precisar de saneamento básico urgente!
Digam-me que, na hora do «olha o passarinho» para a caça ao voto, a frase do Oliveira Salazar, quando inaugurou o SNI «em política o que parece é» não lhes vem mesmo a matar.
P. S. Para que se entenda: não estou na política, não faço política, não vivo da política. Vou apenas votar. Sou é cidadão, dos que põem o lixo à porta e nunca encontrou nenhum político a recolhê-lo. Só isso.