Com o chegar do mês de Agosto entra parte do país em férias reais, outros em férias imaginárias. Nos últimos anos os portugueses passaram, queiram ou não confessá-lo, a viver melhor; ou então há nesta divisão mundial de riqueza qualquer fenómeno novo. Dei conta que há pessoas com empregos modestos a passar férias nas Caraíbas, enquanto no tempo da minha infância as famílias provincianas, com o sacrifício do ano todo, alugavam uma casinha na Costa Nova, em Espinho ou os mais afortunados na Figueira, para irem a banhos, pai, mãe, filharada, os avós, a prima, a tia e até o cão e o gato. Comia-se em casa o jantar e almoçavam-se sandes. À noite os velhotes passeavam na marginal, os mais novos sentavam-se à volta de um café a noite inteira na esplanada do sítio. Regressados, dormiam nos mais improvisados locais, o WC um lugar de disputas ferozes e de discussões pestilentas.
Estaremos todos mais ricos? Ou com a aviação comercial a transportar gente como mercadorias e com o que aqui se pagaria por um pequeno almoço uma família desses paraísos tropicais poder comer a semana toda, a exploração do turismo exótico está ao alcance de todas as bolsas?