O freudismo acabaria por chegar ao futebol, ainda que pela pena dos cronistas.
Na edição on line do blog do Expresso vejo a pergunta «Será o Benfica um clube «gay» em processo de saída do armário?».
Pensava eu, leitor superficial, que a coisa teria a vêr com a mudança da cor das camisolas, mas não só, pois há na prosa mais adjuvantes argumentativos.
O primeiro, vem no texto: «OPA de Joe Berardo e as suas declarações que tumultuaram o balneário do clube, são evidências de que o pândego madeirense assume que o clube é mulher. Outra explicação não arranjo para o facto de o querer fecundar (é o verbo mais educado que arranjo para descrever as intenções do empresário face ao Glorioso)».
O segundo, vem no lead: «A assunção da sua feminilidade terá o condão de por o SLB em perfeita sintonia e harmonia com o sexo da zona onde tem implantada a sua catedral (a Luz), o seu ícone (a águia) e a sua cidade (Lisboa)». [fim de citação].
Lê-se e hesita-se.
O que vale é que, neste mundo, tudo serve para justificar tudo, e quanto a tudo se pode dizer que é entre o sério e o a brincar!
É uma análise «gay» esta, no sentido de brincalhona, claro. Mas a partir dela, as ilustres senhoras que a tiverem lido, ao verem que os seus queridos esposos, amantes, namorados ou passeantes ocasionais, trocam o leito amoroso pelo sofá da TV, as delícias de uma carícia por um remate do Paulo Bento, o erotismo da sua macia fêmea pelos onze musculados do Camacho, terão um motivo plausível de queixa e uma razão de grave desconfiança.
O pobre do médico de Viena, sobre cuja sexualidade já há quem desconfie, bem se pode revolver na tumba, onde bem estaria inumado num sofá, mais a sua ciência sempre com o falo na cabeça.
Depois da investigação sobre registos de um hotel na Suiça, um sociólogo julgou ter descoberto a prova escandalosa de que ele teria mantido uma relação incestuosa com a própria cunhada. A tese terá convencido o seu biógrafo oficial. O biógrafo chama-se, ironia do Destino, Peter Gay! Sobre isso vem tudo aqui. Quem quiser que acredite e, entretanto, viva o Benfica!
Ah! O dito cronista continua: «um clube de futebol ser mulher não é, em si, nada de mau, convençam-se disso, meus preclaros amigos benfiquistas». E eu a pensar que os gay eram, como dizia a Simone Beauvoir, o «terceiro sexo»!
Definitivamente desisto! Antes ver o «Sexo na Cidade», que não vejo, e tenho raiva a quem vê!