5.10.07

Uma praça vazia

Ao ver, vazio, o Largo do Município, as altas figuras do Estado com um ar de enfado neste dia feriado, o Presidente da República a discursar, hirto, para um corpo de GNR's, arregimentados para o efeito, vi a que ponto estamos em matéria de fervor republicano.
A rematar o seu «directo», a SIC Notícias deu-nos o caricato: o Chefe de Governo, enfim aliviado da pose comemorativa, a brincar, como se com um pendericalho, com a medalha da Cidade de Lisboa que António Costa trazia ao peito. Riam, todos, prazenteiros, com o fetiche, excepto Jaime Gama, que aprendeu a substituir o riso por um esgar.
Acho que se os monárquicos tivessem organizado uma romagem para evocarem o regicídio eram capazes de ir mais mobilizados e em maior número.
A República deixou de ser comemorável, por uma razão: ninguém se apercebe hoje que ela existe, tal como todos ignoram que o senhor de barbicha que a anunciou se chama, entre os Relvas, Miguel Relvas. O «devorismo» tornou-nos semelhantes ao agonizar da Monarquia.