Distraídos da distracção pela distracção. A frase pertence a T. S. Eliot e está no seu poema Quatro Quartetos. O poema é belíssimo e o excerto vem aqui: «Over the strained time-ridden faces/Distracted from distraction by distraction/Filled with fancies and empty of meaning/Tumid apathy with no concentration».
Li isto num artigo sobre o mundo digital de hoje, em que as pessoas vivem soterradas pelos mil e um sinais que lhes chegam entre sms's, emails, para não falar em tudo o que a comunicação social despeja, em catadupas, em alertas/Google, em RSS's, em newsletters.
Mal a manhã raia, liga-se o computador e ei-lo atulhado, o primeiro trabalho seleccionar e apagar os emails da noite. O telefone em breve começará a retinir entre mensagens escritas, de voz e pessoas que ligam, reiteradas, insistentes, sem deixar recado até que a falta de paciência consiga que sejam atendidas. E por aí fora durante o dia, a imprensa on line vai matraqueando a última hora e o aviso circula entre amigos do já viste, os furiosos das «breaking news».
O irrequietismo circundante é tal que, às tantas, tudo é igual a nada, unidimensional e nivelado, desaparece a importância, o urgente submerge o importante, o mundo do incompreensível tumultuoso sucede-se em voraz espiral. Vazio de sentido, «empty of meaning».