15.2.18

Regresso às origens!

Comecei a minha vida no ciberespaço precisamente aqui na Blogger e com este blog. Hoje o mundo das redes sociais desdobra-se em variantes múltiplas. O fenómeno está mais do que diagnosticado em todas as suas vertentes.
A primeira, a do vício que tal gera, a multidão de adictos que não há minuto que não estejam a ler o último twitter, o último post do FB ou do Linkedin, a última foto do Instagram, ou do Pinrest, o último email, o flagrante Snapchat e sei lá quantas mais. A próxima geração deve nascer com as mãos em garra apegados ao smartphone.
Surgem já programas de detox para esta situação que começa a causar distúrbios de concentração, cansaço mental, surgimento de sentimentos rancorosos e de exibicionismo. Mais os predadores e os hackers.
A segunda, a da facilidade dos escritores, pois cada um tem ao seu dispor, não um mas N jornais virtuais, onde verte da sua vida privada ao que sente da vida pública, difunde notícias que, afinal, não são confirmadas ou são, vista a data, mais do requentadas e até as que foram desmentidas e tudo gera controvérsia e paixões e animosidades. E em que se confunde o importante com a minudência.
Enfim, os sistemas de poder que aproveitam para se infiltrarem e gerarem fenómenos de intrusão, de insinuação, de aquisição de produtos ou adesão a ideias e causas.
Conheço tudo isto, porque em tudo isto tenho participado.
As redes sociais exploram duas fraquezas humanas: o nosso desejo de sermos queridos, e daí os «like's» e a nossa crença no que vem escrito e daí a convicção fácil.
Ante isto, o caos, estabeleci alguns limites, fruto da experiência.
Comecei a circunscrever o que da minha vida pessoal e familiar divulgo, tentando poupar-me e aos meus ao voyeurismo
Passei a dosear o número de vezes que consulto o correio electrónico, a partir do momento em que interiorizei que, outrora, o correio vinha uma - algumas vezes e em em alguns lugares duas - vezes por dia e aberta a carta em papel, lia-se com calma e respondia-se depois, com tempo, enquanto hoje ele chega pelos emails, pelo messenger, pelo skype, pelo whatsapp, pelo linkedin, pelo sms e o mais que haja que seja janela ou porta electrónica por onde nos mandem bilhetes e anexos, a esmagadora maioria urgentíssimos, à espera de resposta logo a seguir, tudo a afundar-se, uns a seguir aos outros, os de mera publicidade misturados com os definitivamente importantes.
Além disso, limitei o número de alertas sobre notícias, por chegarem em catadupa, numa incessante cacafonia de redundâncias, a mesma disparada por tantos quantos os órgãos de comunicação social de que me fiz aliciado seguidor.
Enfim, comecei a sentir que tinha deixado de escrever e vivia mais em função do copy paste.
Mesmo assim, a luta continua.
Como o FB mudou o algoritmo, perdendo clientela publicitária, em nome da ideia de que foi criado para fomentar a coesão humana quando estava, afinal, a ser fonte de atritos, agora são são os poucos mesmos que me surgem quando lá vou. Como nunca li notícias que chegavam, replicadas, por esta rede social, nunca vivi entre a explosão sentimental e a desilusão. Mas nem entendo bem o que se passa agora e qual o critério pelo qual alguns são escolhidos, outros rejeitados, mesmo os que escrevem o que vale a pena ler. E nem sei bem para quem escrevo, náufrago a jogar, ao mar incerto, bilhetes dentro de uma garrafa.
Em suma, é tempo de abrandar pensar.
Volto pois aqui, onde comecei. Fui criando vários blogs, espécie de mundo em gavetas, em cada uma arrumando uma faceta do meu ser plural. Alguns são de frequência incerta, até porque ao entusiasmo não corresponderam os meios para o sustentar, nisso incluindo o tempo disponível, devorado pela profissão e esgotante é a minha. Esta noite senti que talvez fosse o lugar ideal. Escreve-se com calma, texto mais pensados. 
É uma nostalgia, mas é ânsia de descansar a alma. Estou saturado de informação a mais sobre um mundo que cada vez compreendo menos.