Eu vinha na faixa do meio, a cento e vinte, que é o limite legal da velocidade, por causa do medo de tornar a ficar sem carta. De repente, atrás de mim, um daqueles arruaceiros motorizados, a abrir luzes, aos guinões, às buzinadelas. Podia passar-me pela esquerda, mas pelos vistos não lhe apetecia. Devia achar que cento e vinte é velocidade para se andar pela valeta. Como não me joguei logo borda fora, passou-me a grande brida, raivoso, aos coices, a fazer-me sinais com os dedos. A tipos destes, tão declamadamente machões, falta-lhes muita coisa seguramente! Algumas, eles assinalam-nos com os dedos, talvez na esperança, quem sabe. Há muitas formas de pedir.