27.8.06
Crise de crescimento
Houve um tempo, o do estoicismo, de se guardarem, como sendo da vida íntima, as doenças graves e os problemas familiares. Hoje, pelo contrário, sabe-se pela imprensa quem tem cancro na próstata ou doença séria na coluna. Sabe-se, pela boca dos próprios, assim como se sabe porque é que aquela abortou, com quem é que aquele anda a dormir, ou as fantasias eróticas de muitos casais do jet set. Tudo isto, num mundo que anda com as partes ao léu, é para ser levado com muita ironia. Comprei hoje o Expresso de ontem e acho que ainda cheguei a tempo. Lá vinha uma frase, que terá saído há uns dias na revista Visão, atribuída a Mário Assis Ferreira, administrador do Casino do Estoril, no qual o chinês Stanley Ho tem interesses de vulto. Contava o dito Mário como é que, saído do Hospital, com uma cicatriz de oito centímetros, fez uma viagem de avião a Hong Kong, para se encontrar com o referido Ho e como é que, ao voltar, a cicatriz tinha mais dois centímetros. Desculpe-me o próprio mas ri-me a bom rir. Talvez por ter sempre a cabeça cheia de segundas intenções, lembrei-me da biografia da outra que contava como é que a do outro, na hora da cama, se lhe encolheu, por duas vezes, deixando-a à míngua e ele a falar sem parar do assunto.