8.10.06

Um presidente, o director e os PS's

Eu coloquei aqui uma questão para a qual não tive resposta. Não é que tenham de ma dar, é só porque eu gostava de saber o que há para responder a propósito disto e de ver sobretudo alguns dos mestres cantores sobre os temas judiciários a responder a um coisa tão simples.
A questão é assim: anda por aí uma grande exaltação sobre o cargo do STJ ter sido provido por certa pessoa e por um ou talvez dois directores de jornal terem escrito a propósito disso umas coisas.
Eu confesso o meu espanto! Pergunto-me apenas isto que aqui vai.
Primeiro: que poderes tem o presidente do STJ, para que haja tanta inquietação? Pode mandar nos juízes? Não pode. Pode alterar a fisionomia da Justiça concreta que os tribunais aplicam? Não pode. Tem intervenção nas leis que regulam a Justiça? Não tem! É a quarta figura do Estado? E daí? Pode fazer discursos? E então? A pergunta permanece: que poderes tem o senhor?
Ah! Não esqueço: preside ao Conselho Superior da Magistratura. Mas não é um este órgão colegial, até com membros vindo do exterior, sendo mínimos os poderes do Presidente?
Ou o cargo dá poderes ocultos ou os críticos exaltados estão a querer afirmar coisas que ocultam? Se é assim, falem! É que até agora não vi nada que percebesse.
Isto quanto ao objecto primeiro da polémica.
Quanto ao segundo, o director do jornal: será que umas linhas em letra de imprensa alteram a Justiça? Impressionam a Justiça? Causam sentimentos fortes nos da Justiça? São aptas a fazer com que todos se peguem aos tiros? Se é assim, e de facto mostra-se, com esta gritaria, que é assim, andamos muitíssimo mal!
A soberania da Justiça denota-se não por ser indiferente ao que dela pensam, mostra-se quando poucas coisas a impresionam.
Claro que teremos como PGR um homem que ainda há pouco disse, logo à imprensa claro, que há «lobbies» no CSM e nada aconteceu após esta gravíssima acusação; claro que temos no poder judiciário quem se ache, ambicioso, irmão uterino do poder da comunicação social e que ambos são, na denúncia e na militância, o anti-poder! Claro que quando o fruto desta mistura de conveniências está enfim no poder, a reacção em cadeia sucede e a coisa explode.
Agora, permitam-me os leitores anónimos, não dêem importância à explosão: não é um pum, é apenas um pim. Não tem a ver com a Justiça só com alguns que se servem dela.
P. S.-1 Para que não haja dúvidas: eu não gosto nem desgosto do presidente do STJ e acho que nem tenho de gostar. Sentir-me-ia até ridículo e ambíguo a ter, quanto a um tal cargo ou qualquer outro, que ter afectos.
P.S. - 2 Já sei que há uma campanha para descredibilizar a Justiça. Ora se há, é melhor quem está por detrás dela, mandar recolher os jagunços que tratam dessas coisas, pois os da Justiça, a continuarem assim, a correr atrás de foguetes, descredibilizam-se a si próprios.
P. S. - 3 E já agora façam o favor de não descer a polémica abaixo de cão!