24.6.07

O culto dos mortos

No campo mimoso em que se torna a polémica pública em Portugal, uma pessoa já nem se surpreende. O futebol sempre foi o local psicológico da catarse das emoções, o libertador das pulsões primárias, a possibilidade de os cavalheiros refinados despejarem palavrões acumulados, o pretexto para eu estar sãmente contente pela alegria de o meu clube estar a ganhar e maldosamente feliz pois o clube do meu vizinho está a a perder.

Hoje de manhã, ao passar os olhos pela imprensa à borla a que pela Net se chega, vi que«o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, considerou que as acusações do seu homólogo do FC Porto, Pinto da Costa, são o «estrebuchar do morto» e de alguém que já pede a ajuda da justiça divina».

Ora como eu disse há pouco, depois de uma noitada, acabei o livro que o Wenceslau de Morais escreveu em 1914 sobre o culto dos mortos, onde a propósito se aprende que, o morto, mesmo quando incinerado, «fica em casa, fazendo parte da família».

O Presidente do SLB bem pode, pois, matar o seu homólogo no norte. Quanto mais morto, mais vive! Um dia esta gente aprenderá.