28.6.07

A perseguição tabaqueira

Eu não sendo dos que não fumo, não sou dos que fumam. Deve-se isso a ter começado a fumar cachimbo e achar desagradável o tom acre dos cigarros comuns. Daí resulta ter beneficiado de não haver fumadores de cachimbo compulsivos, como há os fumadores de cigarro em chaminé. Um fumador de cachimbo ao menos dá-se conta do que está a fazer!
Ora está agora na moda perseguir os fumadores como se marginais fossem, deliquentes do ambiente, suicidas perigosos. A mesma sociedade que deixa milhares de automóveis envenenarem o ar, finge-se amiga da Natureza e preocupada com a saúde face a um pitilho público. Hipocrisias, em suma, tantas elas são, é mais uma.
Não sei se a cultura proibicionista abrange o tabaco de mascar e o rapé de inalar. Não é que eu, pobra inalador ocasional tenha de encontrar aí a saída para o meu vício. É só por me lembrar de uma frase de uma minha bisavó que, ao ter apanhado o filho, garoto, a fumar às escondidas, lhe deu uma grande reprimenda que abriu com um «ai fumas? pois até cá atrás cheiravas!».
Não tive tempo, pois ando com trabalho a mais para a vontade que tenho, mas acho que um qualquer prontuário me salva explicando que «até cá atrás» quer dizer, até agora, até há pouco, no passado, antes, enfim, qualquer coisa que sendo recuado não seja traseiro.
E, a propósito, tanta perseguição tabaqueira, já começa a cheirar mal!