13.8.07

Um click

Estar-se a trabalhar escrevendo num computador portátil; através dele, receber emails e pelo msn resolver na hora problemas e prevenir algumas complicações. Mais: entrar no site da CP e ver nele os horários dos comboios, comprar o bilhete, pagá-lo ali mesmo, poder escolher o lugar, receber no telemóvel um sms com a confirmação de tudo, o qual pode ser mostrado ao revisor como se bilhete fosse, deixem-me pensar que é um mundo maravilhoso, ao alcance de um click,há uns anos absolutamente impensável.
Claro que, com tanta tecnologia ao meu serviço eu, em vez de ter ido para a a estação mais cedo comprar o bilhete, ou um dia antes com receio de o bilhete se esgotar, e nisto tudo e mais na espera e no não tenho troco, e já não lugares à janela, com tanto de bom e de moderno e de tecnologicamente útil, vou como quero e onde quero desde o momento em que o quero.
Por isso mesmo, hoje deveria ter ganho um ror de tempo, uma oportunidade imensa para fruir a vida e dela retirar o melhor: em vez do tempo perdido, passeava, dormia, almoçava, lia, curtia em suma, como agora se diz.
Não! Mal tive tempo para almoçar, fiz mil coisas a correr, entrei no comboio no último momento, porque aproveitei todos os minutos e cada um dos minutos como se a vida fugisse, a maioria do tempo a cumprir deveres, satisfazer obrigações, fazer o inapetecível.
Foi aí que me surgiu o click: e se isto tudo estivesse errado, por atentar contra o direito natural à preguiça, ao doce remanso, ao eterno descanso?