8.8.08

Parece um cartoon, mas é um cartão

Finalmente a insistência dos que se preocupam comigo venceu: decidi-me a ter um cartão do Serviço Nacional de Saúde.
Lá fui, pela manhã, ao centro de saúde da minha residência. Um sorriso de amabillidade esperava-me. Só que tinha-me esquecido da prova de residência. O cartão de eleitor não chegava. Um recibo comprovativo de que pagava eletricidade, sim. Fui buscar. Há dias em que um homem tem toda a paciência do mundo quanto às suas insuficiências de identificação. Voltei para encontrar o mesmo sorriso e muita eficiência. Num ápice estavam os meus dados introduzidos no sistema. Depois perguntaram pelo meu regime de segurança social. Ora eu acho que não tenho regime nenhum. Mostrei, a medo, o cartão de beneficiário da Caixa de Previdência dos Advogados. Não servia. «Mas deixe que fica em branco». Concordei. Afinal nesse campo estava, de facto, em branco. E a amabilidade dera em compreensão e eu não queria atrapalhar por uma questão de regime.
Funcionou, então, rápida, a impressora. «Aqui tem, é o provisório, tem de andar sempre com ele. Depois virá o definitivo». «Ah!» respondi, ao olhar para uma folha em A4 que era difícil que me coubesse na carteira. «E o outro, quando vem?», arrisquei. «O definitivo? Cerca de três anos».
«Três meses...», tentei, inseguro, corrigir. «Não, não. Três anos!».
Foi esta sexta-feira, em Lisboa.
O cartão definitivo, note-se, é um pedaço de plástico, onde estão os dados que aquele computador tinha aceite e impresso em papel. Leva três anos a imprimir!
Dado que a legislatura vai durar menos do que o cartão, não se poderá fechar, entretanto, o Ministério da Saúde, ou lá como é que se chama, ou para obras ou para nova gerência, ou criar um Secretário de Estado para a Plastificação?