Vim no comboio a ler, porque é isso que os comboios têm de bom o permitirem ler, um livro auto-biográfico do Serafim Ferreira, editor. É um inventário das grandezas e misérias dos que arriscaram o tempo, o dinheiro e a paciência no mercado dos livros. Quase nenhumas das histórias acaba bem, mas algumas proprocionam momenos irónicos. Uma é a do tipógrafo Manuel Rodrigues que em 1927 criou a Editorial Minerva, sob cuja chancela saíu o Borda de Água, e tantos outros.
Mas dizia eu, por falar em ironia, que o Serafim Ferreira conta, a propósito da Minerva, que esta editora: «publicou alguns autores portugueses e de todos eles o mais lembrado deve ser hoje o livro de estreia literária de José Saramago que foi A Terra do Pecado, saído em mil novecentos e quarenta e sete e o autor de Levantado do Chão dele se arrependera, porque o retirou da sua bibliografia e só lá o encaixou passado muito tempo para assim poder justificar as celebrações de cinquenta anos de actividade literária». Pois é.
É de rir! Ou de chorar?