13.11.08

A primeira dama

É simpático um homem com as responsabilidades do Presidente dos Estados Unidos da América, na hora da despedida, dizer que errou nisto ou naquilo por não ter escutado a mulher. Dá um toque carinhoso, familiar, humano. O mundo que o detestou emociona-se. Os que o ridicularizaram como a um animal de circo perdoam tudo. É a América mental na sua pior expressão, mais infantil.
Mas claro que há o outro lado da questão. É que um homem com as responsabilidades do Presidente dos Estados da América tem por detrás de si compromissos legais, um programa, uma plétora de conselheiros, o Congresso, a História do seu país. Mas que vale isto ante a opinião íntima da sua mulher?
A alcova tem peso na política, na diplomacia, na geoestratégia. Por causa dela fizeram-se guerras, desfizeram-se impérios. Nela se forma também, por outra forma, a lógica da canhonheira, a retórica da tensão e do apaziguamento.
Perante isso que vale o Pentágono, a Sala Oval, o Departamento de Estado? Pior do que as Monarquias que têm duquesas são as Repúblicas com os seus cônjuges.