Em 22 de Junho de 1934 o Dr. Ferdinand Porsche aceitou criar o carro do povo para Adolph Hitler. Saiu o Volkswagen, cujo nome quer dizer precisamente isso, o carro do povo. A ideia era criar um utilitário barato que pudesse ser comprado com as poupanças de qualquer trabalhador. Cinco marcos por semana de aforro bastavam: «Fünf Mark die Woche musst Du sparen, willst Du im eigenen Wagen fahren» [cinco marcos por semana deves poupar se quiseres guiar um carro, eis o lema que o nacional socialismo prodigalizaria].
Em 1928 a BMW [Bayerische Motoren Werke] lançou-se na produção de automóveis, por ter sido impedida pelo Tratado de Versalhes de produzir aviões. Voltaria a produzir motores para a aviação militar alemã, a Luftwaffe, a partir de 1930.
Este ano, segundo a imprensa financeira, «os lucros da Volkswagen (VW) cresceram 26 por cento no primeiro trimestre de 2008, para 929 milhões de euros», mas mesmo assim a companhia vai pedir ajuda ao Governo alemão; enquanto isso, a BMW admitiu esta quarta-feira que «teve uma quebra de 90 por cento nos lucros».
A continuar assim a depressão económica não é de estranhar que haja quem pense, revivendo do keynesianismo o lado macabro, no efeito multiplicador de uma guerra: por um lado estabiliza a demografia por outro fomenta a produção. Fabricar tanques ou tractores tem sido sempre a hesitação de muitos estrategas. Na América Obama fala já em produzir um milhão de automóveis eléctricos até 2015. Oliveira Salazar diria numa carta ao nosso Embaixador em Washington:«cuidado, senhor Embaixador, os americanos não são um povo iluminado por Deus, sim pela electricidade». Fim de citação.
P. S. Claro que há o pacifismo cínico, que o Boris Vian ironizava ao dizer: «la guerre ça doît être trés nuisible au commerçant, car elle détruit le client!». Infelizmente no campo dos horrores humanos, a paz também é um negócio.