24.3.10

O esgar afivelado

O País está parado. Tirando o que vai suceder na comissão parlamentar de inquérito e algum sobressalto de mais uma nota baixa das agências de rating, nada é notícia que valha a pena saber. O Governo perdeu a iniciativa política, o primeiro-ministro está sitiado. Como um autómato que tenha sobejado num centro comercial cujo tecto abateu, José Sócrates repete o discurso da confiança até à exaustão. Já ninguém o ouve e já nem ele espera ser ouvido. O poder tem a sua mecânica, o ritual do facies, da pose, da oportunidade. Quando falha o fundo fica a forma. Sócrates é um corredor de forma, perseguindo uma meta inatingível. Antes dele, Pedro Santana Lopes corria para salvar a vida, sabendo o cadafalso que o esperava. Para o actual habitante da Rua da Imprensa à Estrela é a longa agonia do corredor da morte. Nem comutação nem execução. Apenas uma dolorosa espera, o esgar afivelado de um optimismo feito subsistência. Faz dó.