11.4.10

Ânsia de martírio

No apontamento que publicou no número da Nova Águia dedicado a Teixeira de Pascoaes, um advogado que procurou asilo na escrita, Jesué Pinharanda Gomes diz, a propósito da Ordem dos Frades Menores, vulgo Franciscanos: que depois de se terem instalado em Portugal em 1217, em Alenquer e Guimarães e dois anos depois em Lisboa e Coimbra, «os frades apostados na missionação em Marrocos, onde foram martirizados (1220) este martírio prestigiando a Ordem».
Ficou-me esta expressão «este martírio prestigiando a Ordem».
Se atentarmos bens, quer nas pessoas colectivas, quer nas individuais, a ânsia de martírio é amiúde uma forma mascarada do desejo de apreço, uma forma de realização da honra. Assim como há quem não suporte ser amado há quem não conviva consigo sem sentir-se detestado.
Nasce daí aquela forma inamistosa de ser, em solilóquio de catacumba ou em vociferante guerrear.
O dia da imolação é o dia da exaltação!