6.4.10

O País e a Nação

Portugal é um País que sai caro à Nação. A frase, genial, é do Ruben A. no seu magnífico romance Kaos. O escritor morreu entristecido com muita coisa. Perseguido pelo regime anterior não se conseguiu identificar com o que saíu do 25 de Abril. Teve de se vexar a pedir e humilhar-se ao ver negar.
A sua escrita é magnífica de riso e extraordinária de dor. Fizeram-no efémero Director-Geral por equívoco, ele fundou o jornal «Expresso» por brincadeira.
A diferença entre País e Nação há muitos à esquerda que não a conhecem, julgando que só há classes sociais. Mas também há disso à direita, julgando os místicos da ordem que há uma Pátria acima da Nação e convindo aos pragmáticos dos negócios que venham quaisquer apátridas trabalhar para o País, seja qual for a sua Nação.
Depois há os patriotas quando joga a selecção nacional de futebol e os nacionalistas quando o Santander compra o Totta. Ah! E o Zé-Macho, personagem crucial do romance que se pergunta ante a ideia da luta de classes se vão à luta a terceira e a quarta classes da primária. Coisas que já não há, claro. Tudo cai, a Pátria, a Nação, o País, por esta ordem. Um dia estamos todos na Eurolândia, excepto os que fugiram para a mata porque a luta continua.