21.5.10

A hora do não

Foi preciso isto bater no fundo por razões externas e por motivos internos para, enfim, a demagogia e o irrealismo deixarem de imperar, impunes.
O demagogo que nos governa susteve enfim o discurso do oásis, cantata dos inconscientes, homilia dos trapalhões. Os governados que a sua retórica engana perceberam agora que os calotes são para pagar e o crédito ao consumo não é um saco sem fundo.
À agiotagem nacional, que foi enforcando consumistas locais, sucede a agiotagem internacional, que sabe afundar Estados e os compra depois de os arruinar.
Os bancos vivem horas nocturnas pavorosas para se refinanciarem. Compra-se dinheiro a qualquer preço. O fecho das Bolsas é um estertor e uma agonia.
Até o Governador do Banco de Portugal que ora nos mostrava luz ora escuridão, no pisca-pisca das estatísticas convenientes, parece, enfim, preocupado com tudo menos com o seu futuro.
De Berlim chega o alarme e Berlim é a locomotiva europeia: a Europa está em perigo.
Vem aí mais uma vaga de futebol. É a última esperança do Governo. As televisões que sirvam esse anestésico embebedando o País, dia e noite.
O líder da oposição, que parecia estar no sim com o Governo, diz agora que está totalmente no não.
Vendedores de mentiras, os políticos começam a ter medo. Um dia destes são socados na rua, fartos todos nós de palhaçadas.