Um antigo professor de ginástica da Legião Portuguesa que se converteu primeiro à causa democrática que deu na Revolução de Abril de 1974 e depois depois no chefe da tirania do COPCON [e depois disso é melhor ficarmos calados quanto ao que foi a sua vida], veio agora fazer apelo a uma outra Revolução.
Há quem esteja escandalizado. Eu não. A biografia cómica deste homem é a História trágica do País.
É que, quando confrontado com ter dado as ditas aulas de ginástica a uma Legião que fora criada em 1936 para combater os «comunistas» e à pala disso tudo quanto era oposição a Salazar, Otelo Saraiva de Carvalho defendeu-se que o tinha feito pelo dinheiro que assim ganhava e de que precisava.
A barca do venha a nós em que a Legião se transformara, apodrecido que estava o regime do Estado Novo, e que ele assim serviu mercenariamente, fez-lhe nascer o espírito de revolta e assim nasceu um revolucionário.
A História repete-se sempre duas vezes. Hoje Otelo lembra que Portugal precisa de Salazar e de uma Revolução, afinal, os dois pilares que o elevaram ao Panteão do Poder. São saudades do que foi.
Vindo isto da sua boca nem chega a fazer pena. Coitadinhos foi dos que o idolatraram, pensando que com o caminho que ele abriu e com o que se seguiu haveria um 25 de Abril que não retornaria ao 28 de Maio. Uma tourada.